Gemido de mixoetnias mal amadas e amalgamadas. Burburinho da rua dos reis errantes. Crônicas em fragmentos, manifestos de passagem, churrasquinho na calçada, altar do grande templo, personagens em transe, forasteiros em trânsito, zigue-zagues pelo grande gueto planetário onde quilombos encontram ecos de resistência. Xei de Exu inda por cima. Não só música excluída, mas a transfiguração dos excluídos. Música popular borralheira dos brejos de algum lugar, porque para os inquietos e os desajustados o carnaval continua...

25 de mar. de 2012

Templo sem Teto

Os primeiros templos pagãos - e mesmo no Egito antigo de Akhenaton, onde a ideia de Deus único tem com os israelitas um encontro de águas - não tinham teto.

A cultura egípcia guarda mistérios originários do berço da civilização. Pelo historiador das religiões Mircea Eliade, o Corpus Hermeticum, de Hermes Trismegisto, foi o primeiro texto egípcio traduzido posteriormente do grego para o latim, antes mesmo dos Diálogos de Platão. Por outro lado, pode ser atribuída à Tábua de Esmeraldas, também de Trismegisto, o início da alquimia árabe. Os próprios califados têm papel fundamental na passagem desse conhecimento para o mundo moderno. O que mostra a importância que os tratados alquímicos tiveram até a Idade Média. Isaac Newton, sendo ele mesmo um alquimista, representa a última grande tentativa de comunhão entre a ciência e a alquimia, tendo prevalecido suas teorias científicas e com elas a visão científica do mundo.

E assim também muda a relação do homem com o tempo e com o espaço. Os templos projetaram uma sacralização recente do espaço, antecedidos pelo desejo de ligação cósmica na aurora da humanidade. As cercas e paredes são conquistas que balizam a embriaguez do céu. O teto termina fechando a tampa da visão cosmogônica que o paganismo inaugura.